ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 26-3-2003.

 


Aos vinte e seis dias do mês de março de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Margarete Moraes, Maria Celeste, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Wilton Araújo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo e Zé Valdir. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Primeira Sessão Solene, que deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. A seguir, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, dos duzentos e trinta e um anos de existência do Município de Porto Alegre. À MESA, foram encaminhados: pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 08 Pedido de Providências; pelo Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Resolução nº 021/03 (Processo n º 1197/03); pelo Vereador João Carlos Nedel, 08 Pedidos de Providências; pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 051/03 (Processo nº 1293/03); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Informações nºs 037 e 047/03 (Processos nºs 1123 e 1216/03, respectivamente); pelo Vereador Wilton Araújo, os Projetos de Resolução nºs 019 e 020/03 (Processos nºs 1185 e 1186/03, respectivamente). Na ocasião, foram apregoados os seguintes Ofícios: de nº 169/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 003/03 (Processo nº 1271/03); de nº 001/03, do Vereador Reginaldo Pujol, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, comunicando a assunção da Vereadora Margarete Moraes ao cargo de Vice-Presidenta da referida Comissão, a partir do dia dezoito de março do corrente; de nº 008/03, do Vereador Beto Moesch, informando a disposição de Sua Excelência em representar esta Casa junto ao Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba. Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Antonio Dib, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 199/02 (Processo nº 3182/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 10668087, 10685552, 10686852, 10690168, 10690775, 10697715, 10724878 e 10727292, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; 001/03, do Vereador Márcio Sant’Anna, Presidente da Câmara Municipal de Cerro Grande do Sul – RS; 001/03, do Vereador Lírio Hammerschmitt, Presidente da Câmara Municipal de Alecrim – RS; 007/03, do Vereador Tarso Ziglioli, Presidente da Câmara Municipal de Dois Lajeados – RS; 363/03, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 240/02, discutido pelos Vereadores Zé Valdir e Renato Guimarães, 025 e 017/03, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Executivo nº 014/03, discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Maristela Maffei, os Projetos de Resolução n°s 042/02 e 015/03, este discutido pelo Vereador Zé Valdir; em 2ª Sessão, os Projetos de Resolução n°s 011 e 016/03, o Projeto de Lei do Legislativo n° 022/03; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 014, 018 e 016/03, este discutido pelos Vereadores Zé Valdir e Reginaldo Pujol, os Projetos de Lei do Executivo nºs 008 e 009/03, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães, Cláudio Sebenelo e Maristela Maffei. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilton Araújo saudou os servidores da área da saúde pública do Município presentes nesta Sessão, analisando a postura adotada pelo Executivo Municipal no que tange ao cumprimento de acordo firmado com as categorias profissionais em greve. Nesse sentido, pronunciou-se sobre correspondência eletrônica alusiva ao assunto e propugnou pelo comparecimento, a este Legislativo, do Senhor Secretário Municipal da Saúde para debater o problema. Na ocasião, os Vereadores Carlos Pestana e Wilton Araújo manifestaram-se sobre os trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Dr. Goulart teceu considerações sobre o encaminhamento dado por esta Casa à questão da greve de trabalhadores municipais da área de saúde pública, no intuito de envidar esforços na busca de uma solução consensual sobre o tema. Nesse contexto, abordou as condições de trabalho verificadas nos postos de saúde do Município, registrando a disposição da Comissão de Saúde e Meio Ambiente de acompanhar o processo. O Vereador Cláudio Sebenelo repudiou o tratamento dado pelo Executivo Municipal aos servidores em greve que atuam na área da saúde pública do Município, propugnando pela renúncia do Senhor Joaquim Kliemann ao cargo de Secretário Municipal da Saúde. Ainda, discorreu sobre dispositivos legais que regulamentam o Sistema Único de Saúde – SUS e afirmou que, no entender de Sua Excelência, os problemas relacionados a esta área envolvem melhorias no atendimento primário da população. O Vereador Sebastião Melo criticou a condução das negociações, por parte do Executivo Municipal, relativamente à paralisação dos médicos e dentistas do Sistema Único de Saúde em Porto Alegre, reafirmando a importância do atendimento médico para a população e imputando ao gestor público o agravamento da crise com a classe grevista. Nesse aspecto, propugnou pela convocação, por esta Casa, do Senhor Secretário Municipal da Saúde, para prestar informações sobre o assunto. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib, ressaltando não ter recebido qualquer solicitação por parte dos Senhores Vereadores no sentido de que o Senhor Joaquim Kliemann, Secretário Municipal de Saúde, viesse a esta Casa prestar esclarecimentos quanto à paralisação dos serviços médicos, chamou a atenção para a necessidade de que sejam encontradas soluções objetivas, a fim de que se resolva a questão da saúde no Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia discorreu sobre a importância do respeito ao direito de greve dos funcionários do sistema de saúde municipal, alegando que deve haver boa vontade entre as partes e propondo que o diálogo seja mantido, no intuito de normalizar o atendimento médico aos porto-alegrenses. Ainda, defendeu a isonomia entre médicos e dentistas que prestam serviço no âmbito do Município, do Estado e da União. Na ocasião, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Beto Moesch, Wilton Araújo, Maristela Maffei, Dr. Goulart e Sebastião Melo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão e sobre convite a ser formulado por este Legislativo aos Senhores Secretários Municipal de Saúde e da Administração Municipal, para comparecerem a este Legislativo para, juntamente com os Senhores Vereadores e funcionários da saúde, buscarem uma solução para a greve desses servidores. Também, face Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Wilton Araújo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre as normas regimentais alusivas ao comparecimento, a este Legislativo, de Secretários e autoridades municipais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Pestana salientou as informações prestadas pelo Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no sentido de não ter havido convite formal ao Senhor Joaquim Kliemann, para comparecer a este Legislativo para tratar da greve dos funcionários municipais que prestam serviços no sistema público de saúde. Nesse sentido, afirmou que o Executivo Municipal está se empenhando para resolver o problema com a maior brevidade possível. O Vereador Beto Moesch relatou fatos atinentes à intervenção da Comissão de Saúde e Meio Ambiente na questão da greve dos médicos e servidores da saúde, referindo‑se à reunião havida entre representantes deste Legislativo, da Secretaria Municipal de Saúde e dos funcionários em greve, na qual ficou acertada a suspensão, por cento e vinte dias, da vigência do Decreto Municipal nº 14.137/03, que versa sobre o cumprimento da carga horária prevista para esses trabalhadores. Após, o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos, procedeu à leitura dos seguintes Ofícios, de autoria de Sua Excelência: de nº 432/03, dirigido ao Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, convidando os Senhores Joaquim Kliemann, Secretário Municipal da Saúde, e Eliezer Pacheco, Secretário Municipal de Administração, a participarem de reunião a ser realizada o dia vinte e sete de março do corrente, às onze horas, neste Legislativo, a fim de debater a paralisação dos serviços médicos no Município; de nº 433/03, dirigido ao Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, convidando o Senhor Osmar Terra, Secretário Estadual da Saúde, para participar do mesmo evento. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que os referidos Ofícios seriam entregues em mãos aos seus destinatários, além de transmitidos através de fax, tendo o Vereador Sebastião Melo manifestado-se sobre esses documentos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol reportou-se ao impasse criado entre os médicos e odontólogos ligados ao Sistema Único de Saúde – SUS e a Secretaria Municipal da Saúde, por ocasião de greve desses profissionais. Ainda, alegou ter o Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, desconsiderado o acordo selado com os grevistas ao promulgar o Decreto Municipal nº 14.137/03, o qual acrescenta parágrafo único ao Decreto Municipal nº 14.093/03. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Vereador Antônio César Padilha, Presidente da Câmara Municipal de Tupanciretã – RS, e dos Vereadores Luiz Valmor da Silva França e Clóvis Machado, respectivamente do PMDB e do PDT do Município de Tupanciretã – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion recuperou os últimos fatos referentes às conversações entre os médicos e odontólogos ligados ao Sistema Único de Saúde – SUS e a Secretaria Municipal da Saúde. Nesse aspecto, reconheceu existirem distorções salariais entre essas categorias e defendeu a qualificação e a continuidade das tratativas entre os profissionais da área da saúde e o Executivo Municipal, com vistas ao encerramento do movimento de greve ora em curso. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Bruno Maurer, do PMDB do Município de São Borja – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes referiu-se ao transcurso, hoje, do aniversário de duzentos e trinta e um anos de fundação do Município de Porto Alegre, enaltecendo a receptividade dada pela Capital às pessoas que, deixando o Interior do Estado, vêm estabelecer residência nesta Cidade. Também, afirmou haver problemas a serem solucionados em Porto Alegre, tais como o suprimento de remédios aos Postos de Saúde e as condições de segurança pública na Capital. Às dezesseis horas e vinte e um minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Maria Celeste e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0314/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 042/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que concede o Troféu Honra ao Mérito à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

 

PROC. 3741/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 240/02, de autoria do Ver. Raul Carrion, que autoriza o Executivo Municipal a erigir busto em homenagem a Zumbi dos Palmares.

 

PROC. 0917/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 017/03, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana Educativa de Prevenção das LER/DORT e dá outras providências.

 

PROC. 1058/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 015/03, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que institui o Prêmio Mulher em Ação.

 

PROC. 1082/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 014/03, que altera o art. 12 da Lei n.º 9.056, de 27 de dezembro de 2002, que cria a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana, o Conselho Municipal de Justiça e Segurança, extingue cargos em comissão constantes das Leis n.os 6.203 e 6.310, de 1988, respectivamente, os Planos de Carreiras do DMAE e DEMHAB, cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1115/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 025/03, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Travessa Germano Garcia um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Tristeza.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0539/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 011/03, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Dante D’Angelo.

 

PROC. 1064/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 016/03, de autoria dos Vers. Almerindo Filho e Reginaldo Pujol, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Flávio Romeu D’Almeida Reis.

 

PROC. 1067/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 022/03, de autoria do Ver. Elias Vidal, que denomina Praça Affonso Silveiro, um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Tristeza.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0831/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 014/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que altera a Lei n.º 8.423, de 28 de dezembro de 1999, que institui, na rede municipal de ensino público de 1.º e 2.º graus e demais níveis de ensino, o conteúdo “Educação Anti-racista e Antidiscriminatória”.

 

PROC. 0855/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que estabelece a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) ou teste da orelhinha em recém-nascidos, nos hospitais e maternidades do Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 0921/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 018/03, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Diamantina de Bittencourt Oliveira um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Nonoai.

 

PROC. 0926/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/03, que declara de utilidade pública municipal o Instituto do Excepcional, com sede na Rua Francisco Braga, 250, nesta Capital.

 

PROC. 0934/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/03, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar financiamento com a Caixa Econômica Federal - CAIXA, a oferecer garantias e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em 3.ª Sessão de Pauta, Projeto de Lei da maior importância, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que torna obrigatória a Triagem Neonatal Universal na Saúde em Porto Alegre. A idéia do Projeto é bem desenvolvida na sua justificativa, onde o autor nos informa que a importância desse exame reside no fato de que, através dele, podem-se detectar as deficiências auditivas da criança. E nos informa também que, em cada mil nascimentos, são constatados de dois a seis casos de deficiência auditiva.

O Projeto foi inspirado em situações verificadas em outras cidades, onde essa sua pretensão já é Lei. Ele cita, por exemplo, as cidades de Jaú e Campinas, em São Paulo; de Porto Velho, em Roraima, e a cidade de Brasília - Distrito Federal -, além do que, em todo o Estado do Pará, essa mesma proposição, hoje, já é Lei.

Eu quero dizer que, embora eu não seja da área da saúde, como professor, várias vezes me deparei com situações como essa que o Projeto de Lei procura tratar. A gente constata, muitas vezes, entre os alunos, deficiências de aprendizagem, as quais estão, em alguns casos, relacionadas com o problema de audição.

Então, detectar cedo, diagnosticar e tratar esse problema é fundamental, também, para que as crianças consigam ter uma boa relação na escola, consigam fortalecer a sua auto-estima e para o perfeito desenvolvimento cognitivo da criança. Nós sabemos que uma boa audição é fundamental para que a criança possa, inclusive, desenvolver corretamente o uso da linguagem, a própria fala, além de todos os aspectos psicossociais que envolvem a questão da audição.

Então, é um Projeto da maior importância, que eu espero que esta Casa aprove por unanimidade.

Nós temos, também, na Pauta, no dia de hoje, projetos de natureza autorizativa e projetos que instituem novos prêmios aqui na Casa. Eu tenho uma restrição a esses projetos. Já, em várias outras oportunidades, tive a chance de me manifestar.

Primeiro, eu tenho restrição a projeto de natureza autorizativa. Acho que o autorizativo é um Projeto de somenos importância, na medida em que fazemos um projeto autorizando o Executivo a fazer alguma coisa que o Executivo já está autorizado a fazer. Eu acho que este projeto tem alguma importância, enfim, para podermos fazer o debate político. Afora isso, eu acho que ele é um projeto que não deve ser colocado na mesma hierarquia dos demais, porque a sua importância se esgota no debate aqui na Casa. Afinal, o Prefeito faz se quer, porque a própria natureza do projeto é autorizativa. Mas acho que os projetos autorizativos têm o mérito de que nós temos oportunidade de discuti-los aqui.

Agora, eu tenho dúvidas também, Sr. Presidente, e tenho certeza de que V. Ex.ª também tem essa preocupação, com relação a nós criarmos muitos prêmios, muitas homenagens aqui nesta Casa e, depois, nós não termos nem condições de operar isso. São tantas as homenagens, são tantos os prêmios, que aquilo que é para servir como um destaque, como uma distinção, acaba se tornando uma coisa comum, até num certo sentido se vulgarizando. E acabamos não fazendo distinção nenhuma, o que cria um problema até de natureza operacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, há duas semanas, quando correu em primeira Sessão de Pauta o Projeto do Executivo que solicita autorização deste Legislativo para contratar financiamento com a Caixa Econômica Federal na importância de 65 milhões de reais para projetos na área de pró-saneamento e pró-moradia, eu fiz um destaque para chamar a atenção dos nossos colegas no sentido de que se possa dar urgência na tramitação deste Projeto, porque entendo que a agilização que o Legislativo der a essa autorização de financiamento, Ver. Raul Carrion, facilitará os trâmites para que se faça a contratação do financiamento e também agilizará as questões de ordem operacional para que as obras, em mais de duas dezenas de comunidades, na área habitacional, possam ser feitas e, também, na área de saneamento, possa ser atendido um conjunto de demandas históricas da Cidade.

Como o Projeto está em última Sessão de Pauta, trago, novamente, o registro da necessidade de que se dê uma tramitação de urgência a este Projeto, para que possamos, a partir de um acordo de Lideranças, destacar o ritual para a aprovação deste Projeto, fazendo com que ele, em ritmo de urgência, possa ser encaminhado, o mais rápido possível, para o Executivo. Faço novamente essa solicitação.

Vou deixar novamente aqui o registro, pois já o havia feito ao Ver. Carlos Alberto Garcia, em relação ao Projeto de sua autoria, que cria a Semana Educativa de Prevenção à LER. Eu disse a ele que eu tinha interesse, unindo as Comissões de Saúde e Meio Ambiente e de Direitos Humanos, em que se pudesse fazer um debate envolvendo representações sindicais, movimentos sociais, que tratam de demandas semelhantes a essa, pois acho que elas têm proposições de muito interesse para a Casa, no sentido de que se possa, por intermédio da TV Câmara, dos meios de comunicação da Casa, debater e incluir essa pauta da Educação de forma permanente.

Também quero fazer um registro positivo, Ver. Raul Carrion, em relação à proposição de sua assessoria, no sentido de propor um busto em homenagem a Zumbi dos Palmares.

Acompanhamos as atividades do dia 21, Dia Internacional de Luta Contra as Discriminações, o ato público feito no Largo Zumbi dos Palmares, antigo Largo da EPATUR. E penso que uma iniciativa como essa é uma ação afirmativa da necessidade de estarmos compondo, permanentemente, na sociedade, para que a questão racial seja debatida, para que as questões das discriminações possam estar, permanentemente, sendo vistas pela sociedade.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu também queria cumprimentá-lo, sei que V. Ex.ª compartilha no mesmo sentido, de valorização no ensino, etc. Quero dizer que concordo que o projeto autorizativo em certas circunstâncias é descabido, mas neste caso, como foi também o caso do Almirante Negro, que foi um Projeto do Ver. Lauro Hagemann, permitiu através disso que o Poder Público fizesse. Nós tivemos a honra - o Projeto já estava transformado em lei - de ajudar que se concretizasse.

Então, neste caso, já inauguramos o Largo Zumbi, a Casa aprovou, é preciso colocar lá um monumento, um busto, que resgate à memória. Muito obrigado pelo seu apoio.

 

 O SR. RENATO GUIMARÃES: Eu penso que o debate que se trava nesta Casa em relação a projetos autorizativos, eles estão muitas vezes colocados em relação a situações que o próprio Poder Executivo já vem cumprindo e que acabamos meio que perdendo tempo em montar projeto autorizativo aqui. É um debate, não se compara a essa sua iniciativa, que autoriza, na realidade, a demarcarmos sobre um tema de tamanha importância e valor para a sociedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que traz a Bancada do PPS à tribuna, em Comunicação de Líder, tão cedo na Sessão de hoje, é, sem dúvida, algo que a oposição e que a cidade de Porto Alegre não podem deixar passar em brancas nuvens.

Dou as boas-vindas aos trabalhadores da área da Saúde que hoje estão conosco.

Todos nós e a Câmara nos debruçamos sobre o assunto da qualidade da saúde no Município de Porto Alegre, fazendo eco às denúncias dos trabalhadores, dizendo que o caos está instalado na cidade de Porto Alegre, no momento em que não existe política de saúde consciente nesta Cidade. Os trabalhadores sabem disso; os Srs. Vereadores estão conscientes agora. Infelizmente, parcela menor desta Casa, a parcela governista, não se atenta para essa questão. Rompe acordo com os trabalhadores através de decreto; manda “e-mail fantasma” para dizer que vai punir – instala o terror na punição. (Palmas.) Esse e-mail foi denunciado nesta Casa pelos Vereadores Dr. Goulart, Cláudio Sebenelo, Beto Moesch e por este Vereador que está na tribuna. Mais do que isso, hoje, deveríamos ter, aqui, agora, neste momento, por força de requerimento e acordo com as Lideranças de oposição da Casa e com a Liderança governista - que está desaparecida, sumida, que não está aqui neste Plenário para receber a crítica democrática, para expor a falta de planejamento da Saúde. Não está aqui, desapareceu como fumaça no ar -, nesse acordo que firmamos, deveria estar aqui o Sr. Secretário da Administração e o Sr. Secretário da Saúde - (Palmas.) - para explicarem esse misterioso e-mail de terror em cima do funcionalismo, para explicarem por que uma ordem não pode ser afixada em quadros. Por que uma ordem não pode ser escrita? Situação nunca vista nesses anos todos em que estamos aqui na Câmara e no Município de Porto Alegre. O “e-mail fantasma” que faz com que toda a ordem que é ilegal, irresponsável, pode, sim, o funcionário, não cumprir, tendo por base a lei, tendo por base a responsabilidade do bem público. Mas, assim, quando é fantasma, quando não está escrita e criada para o terror, é impossível. Isso o Governo tem de explicar, hoje, aqui. (Palmas.) A Casa, hoje, está com a “síndrome da cadeira vazia”, pois, ali, tinham de estar, no mínimo, os dois Secretários, em respeito a esta Casa e em respeito ao acordo que foi feito com a oposição, em respeito aos trabalhadores que estão aqui hoje. (Palmas.) A proposta do PPS é que a Câmara se mantenha em vigília até que seja cumprido o acordo, que seja honrado o fio de bigode, porque aqui têm de ser cumpridos os acordos feitos! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CARLOS PESTANA: Quero fazer uma Questão de Ordem para esclarecer ao Ver. Wilton Araújo que as Lideranças do PT...

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, por favor...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, este Vereador está na Presidência e o fará com bastante isenção e tranqüilidade. Ver. Carlos Pestana, V. Ex.ª tem a palavra.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio Sebenelo.)

 

Vereador, o Presidente vai decidir e não precisa de auxílio.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Eu só quero esclarecer ao Ver. Wilton Araújo que...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, isso não é uma Questão de Ordem. Esse esclarecimento deve ser feito da tribuna.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio Sebenelo.)

 

O SR. CARLOS PESTANA: Em primeiro lugar, o Ver. Cláudio Sebenelo tinha de ter a educação de poder ouvir as pessoas. A Questão de Ordem é a seguinte: em primeiro lugar, a Liderança do Partido dos Trabalhadores se faz presente neste Plenário e, no momento oportuno, vai se manifestar sobre essas inverdades que o Ver. Wilton Araújo colocou.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro a colocação de V. Ex.ª. (Vaias.) O Ver. Wilton Araújo tem a palavra.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Eu gostaria de registrar que esta não foi uma Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não entendi, Vereador.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Embora o Sr. Presidente tenha dado tempo, isso não se caracteriza como Questão de Ordem, e eu não gostaria de adiantar o assunto, porque também estaria participando de uma não-questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, o Presidente sabe diferenciar o que é uma Questão de Ordem, o que é uma informação e sabe colocar ordem na questão quando necessário.

O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eis que, ao vislumbrar a minha direita, começa a se compor a Bancada do PT, aos poucos, vai se compondo com pessoas queridas, com Vereadores queridos, S. Ex.ªs estão chegando.

 (Manifestação nas Galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Silêncio, por favor!

 

O SR. DR. GOULART: Obrigado. Senhores, como é difícil fazer política, como é difícil sustentar, frente às pessoas que questionam, os encaminhamentos políticos. Que me ilumine o Espírito Santo nesta caminhada em luta pela saúde, pelos médicos, pelos enfermeiros, pelos dentistas, porque essa luta é a luta por quem sofre na ponta, por quem está doente, por quem espera. Que eu seja iluminado. Por que peço a iluminação do Espírito Santo? Para que eu jamais venha a tornar todo esse embasamento político, que aos poucos me domina, de maneira espúria. Viro-me à esquerda, ali, naquela cadeira, deveria estar sentado o Secretário Municipal de Saúde. Deveria estar ali. O que acontece, senhores? É a segunda vez que a Comissão de Saúde, defensora das pessoas que precisam, chama o Secretário Municipal da Saúde para dar explicação do seu desgoverno, dos seus desmandos, do seu mal planejamento na Saúde. Ele tem medo! (Palmas.) De cima de sua arrogância e destituído das mentes de altos pícaros não vem a este Plenário dar satisfação para quem trabalha dia e noite pela Saúde do Rio Grande do Sul, que são os Vereadores. É muito estranho. Da outra vez mandou um representante, que, inclusive, tentou resolver - dentro do espírito de arrogância que comanda a Secretaria Municipal de Saúde - a situação, tentando entrar em vias de fato com os Vereadores. Que homem malvado, que homem perigoso, que faz parte da equipe do Secretário Municipal de Saúde! Será que, hoje, ele estava ocupado em outra coisa e não pôde vir representar o Secretário, e o Secretário não quer vir dar explicações e manda os outros? Não tinha gente brava para mandar aqui para tratar com quem? Para tratar com os funcionários da Saúde, com quem têm carinho com as pessoas, com quem mitiga o sofrimento das pessoas, com quem coloca uma mão no ombro das pessoas, com quem dá um remédio e cura os males das pessoas. É com essas pessoas que o Secretário não quer falar. E por que nos sentimos ofendidos? Pena que o Líder do PT não esteja aqui, Ver. Marcelo Danéris, que combinou com os Vereadores, junto com S. Ex.ª, o Presidente, a vinda do Secretário aqui.

Por que desrespeito? Porque ele desvaloriza os seus pares municipais, os Vereadores não são importantes, ou ele sabe que os Vereadores sabem mais que os Deputados? Por quê? Porque na Câmara dos Deputados S. Ex.ª estava, lá estava o Secretário Kliemann, na Câmara dos Deputados, dizendo um monte de mentiras, um monte de inverdades, e eu aqui digo qual a grande mentira: que 95% dos problemas de especialidades são resolvidos pelo Município! Noventa e cinco por cento! Mas que mentira terrível, ou ele ficou com vergonha de vir mentir aqui, porque aqui está a Comissão de Saúde atenta aos trabalhos. Vai ser muito difícil encaminhar essa problemática. O pobre Prefeito querido, um homem bom, caiu nas malhas de quem lhe orienta mal. Ainda há pouco, mandaram o Prefeito tomar banho nas águas do rio, que a água estava ruim! (Palmas.) Não me admira o que manda ele fazer aquele Decreto! Pessoas que não estudam a Saúde, que não se comovem com a Saúde, que não se comovem com o maior tesouro que um Governo pode ter, que são os seus recursos humanos. (Palmas.)

Ver. Wilton Araújo, este descuido do Executivo com os Vereadores não será esquecido nas nossas memórias, em qualquer momento, até naquele momento em que eles, em praça pública, pedem o contrário; não será esquecido.

Ver. Beto Moesch, meu querido lutador, Presidente da Comissão de Saúde, peço que essa Comissão fique em vigília até se resolver o problema criado pelo Prefeito e pelo Secretário Municipal da Saúde, um homem que desobedece, porque nós íamos convocá-lo, e ele seria obrigado a vir. S. Ex.ª o Presidente pediu que não o convocassem, por uma questão de elegância; o Líder pediu que ele não fosse convocado por uma questão de pena, e aqui não está presente o Sr. Secretário! Aqui ele não está presente! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus queridíssimos colegas, por força do Regimento, eu não posso usar o avental daquela porta para cá, mas eu quero dizer para vocês que eu estou junto. (Mostra o avental.) (Palmas.)

O Sr. Secretário da Saúde está sendo convidado pelos colegas, pelo Presidente dos Sindicato, pelas Associações, a se retirar do cargo de Secretário da Saúde. Acho que já deu certo, ele realmente vai sair, ele está se retirando simbolicamente desta forma. (Palmas.)

Só para vocês terem uma idéia, eu pergunto: quantas vezes o Secretário da Saúde esteve neste Plenário aqui, quando a Lei n.º 8.689, de 27 de julho de 93, que dispõe sobre o INAMPS e dá outras providências, diz o seguinte: (Lê.) “Lei em vigor: o gestor do Sistema Único de Saúde, em cada esfera de Governo, apresentará trimestralmente ao Conselho de Saúde correspondente, em audiência pública, nas Câmaras de Vereadores e Assembléias Legislativas respectivas, para análise e ampla divulgação, relatório detalhado contendo, dentre outros, dados sobre o montante, a fonte de recursos aplicada, as auditorias concluídas ou iniciadas no período bem como a oferta e produção de serviços de rede assistencial própria, contratada ou conveniada à população.” Esse é o texto da Lei. Sabem quantas audiências públicas o Secretário fez? Até agora, nós não temos conhecimento. Mas trimestralmente ele é obrigado a fazer. E essa satisfação, e essa obrigatoriedade, esse dever do Sr. Secretário não é cumprido, pois nós sabemos que hoje ele deveria estar aqui. A Bancada do Partido dos Trabalhadores deveria estar aqui, mas também não está, saíram quase todos, ficando dois, ou três, de dez, esvaziando o Plenário, tentando esvaziar, dessa forma, o significado deste ato. Mas eles vão ter a resposta. Não perdem por esperar. Sabem por quê? Porque a grande solução dos problemas da área da saúde, em Porto Alegre, está diretamente ligada, intimamente ligada, ao atendimento primário, e é assim que o Poder Público da cidade de Porto Alegre trata os profissionais que providenciam esse atendimento primário. (Palmas.)

De forma violenta, discriminadora, unilateral, autoritária e com um disfarce, porque, de vez em quando, deixa de vir o Secretário da Saúde e passa um outro Secretário, delicadamente, educadamente a dizer: “Olhem, não tem diálogo.” Ora, que não tem diálogo, nós já sabemos, mas estamos correndo todos os riscos de quem entra em greve. Nós não nos intimidamos, como diz muito bem o Sr. Presidente do Sindicato, o Dr. Paulo de Argollo Mendes, sabemos muito bem que não vamos nos impressionar com vociferações e, muito menos, com ameaças, com manobras e com uma série de atitudes diversionistas, tentando, de todas as maneiras, descaracterizar este movimento, como se isso fosse um problema de horário de funcionamento. Isso é uma mentira, é uma falácia, o que queremos discutir é a política municipal de saúde, é a área da saúde, que está mal. (Palmas.)

Encerro dizendo a toda a população de Porto Alegre que hoje é um dia de festa, mas estamos muito tristes, porque há dezesseis anos a Saúde é tratada dessa forma, da forma mais espúria, da forma mais omissa e da forma menos digna, enfrentando pessoas que têm uma característica, o seu trabalho, o dia-a-dia. Essas pessoas gostam do trabalho, essas pessoas têm uma coisa que não se compra em boteco, que se chama “dignidade”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; colegas Vereadores, colegas Vereadoras, e muito especialmente uma saudação aos trabalhadores da área da saúde.

Eu começo esta manifestação, Sr. Presidente, dizendo: PT, quem te viu e quem te vê! (Palmas.) Quem te viu e quem te vê! (Palmas.) Quando está na oposição, ele luta pelo plano de carreira! Quando está na oposição ele luta pelos trabalhadores! (Palmas.) Mas, quando está no governo, ele quer cortar direitos dos trabalhadores! (Palmas.)

Talvez, Ver. Wilton Araújo, na ausência do Líder do Governo nesta Casa, ele esteja reunido agora com o Dr. Tarso Genro, que quer cortar o direito dos trabalhadores! Talvez seja isso! Mas eu quero dizer o seguinte: tem algumas coisas que precisam ser ditas, em alto e em bom som, desta tribuna: os senhores cumprem um papel fundamental da cidadania brasileira, rio-grandense e porto-alegrense. O que a Prefeitura está querendo é fazer aquela história da “política do bode”. Ele nunca quis – o gestor municipal – enfrentar a totalidade da gestão da Saúde, sempre quis transferir responsabilidades e manipular dados. Basta olhar a pesquisa do IBGE, Sr. Presidente, que o pior serviço apontado em Porto Alegre não é outro, é o da Saúde! Mas não é por causa dos servidores, não! (Palmas.) Não, não é, não! É pela questão da gestão. E aí sabe o que fizeram com os senhores, porque não quiseram enfrentar a questão como pano de fundo? Querem colocar os médicos e as médicas contra a população. E isto não está correto! (Palmas.) Isto não está correto, Ver. Dr. Goulart! (Palmas.) Porque num primeiro momento a greve estabelecida foi dos servidores da Saúde, e aí tentaram fazer uma cirurgia no meio para poder quebrar o movimento, para dizer: “Os médicos estão em greve, mas os servidores não estão em greve!” Pois há fila nesta Cidade de centenas de pessoas que não conseguem consulta! Há falta de remédios, há pessoas que tiveram suas pernas amputadas porque não foram atendidas no tempo hábil. Isso também é a estatística que mostra!

Há dez anos, Ver. Haroldo de Souza, havia um acordo com os servidores da Saúde, que tinha sido ratificado, por portaria, em 1995. Pois, agora, de forma unilateral, rasgaram esse acordo.

Nós, da oposição, através do Presidente desta Casa, recebemos o conjunto das lideranças, numa sexta-feira, das 10h às 13h, ligamos ao Sr. Prefeito e marchamos - todos nós da oposição - para conversar com o Sr. Prefeito. Lá, todos nós fomos fiadores de um acordo de que, em cento e vinte dias, se criaria uma mesa de negociação para compensar, e que se faria uma outra mesa de negociação para construir a unificação do SUS, especialmente o Plano de Carreira.

O que o Prefeito autoritário fez? O autoritário tirou foto, deu entrevista para a rádio: “A greve está terminada.” Mandou republicar o Decreto e mandou baixar uma ordem, “por baixo dos panos”, dizendo que tudo aquilo que fora combinado passava a não valer mais.

Isso não está correto, Sr. Presidente! Isso não é sério! Fazer política desta forma?!

Ver. Wilton Araújo, o que as Lideranças de oposição têm de fazer agora, neste momento, é ir até aquele computador e fazer um Requerimento e entregar ao Presidente desta Casa para que ele convoque, imediatamente, porque esta Casa não vai ser caudatária do Poder Executivo. Secretário, quando é convocado, tem que vir.

Foi convidado e não veio. Se foi convidado e não veio, será convocado e terá de vir sob as penas da lei. (Palmas.) É isto que a oposição tem que fazer, Ver. Reginaldo Pujol. É isto que a oposição tem que fazer!

Eu quero dizer que o Sistema Único de Saúde, talvez, nas duas últimas décadas, seja uma das maiores conquistas que o povo brasileiro teve. O Sistema Único de Saúde foi uma construção de baixo para cima. Foi uma construção que envolveu milhares de pessoas em assembléias locais, regionais, nacionais, E nasceu esse instrumento magnífico.

Nós não podemos utilizar esse episódio para desqualificar esse sistema. Ele é um sistema em aperfeiçoamento, é bom, resgata a cidadania, mas ele não avança em nenhum momento se os trabalhadores da Saúde não forem qualificados, respeitados, tiverem salários justos e uma relação honesta com o gestor. (Palmas.)

Eu não posso aceitar, Sr. Presidente, que haja infiltrações, como sei, como recebo informações, nas próprias Comissões Municipais, dos Cargos de Confiança do Governo, querendo impor a sua política. (Palmas.) Não! Portanto, nós precisamos e queremos fazer aqui três encaminhamentos, Ver. Wilton Araújo. Primeiro: que haja convocação do Secretário da Saúde, proposta pelos Líderes de oposição desta Casa; segundo: que se reabra - não se reabra, porque não existiu -, que se abra duas mesas de negociações, que foi aquilo que o Prefeito disse em todas as televisões: “Queremos uma mesa de negociação para um Plano de Carreira para os servidores municipais.” (Palmas.)

Queremos uma mesa de negociação para que, nesses cento e vinte dias, possamos encontrar aquilo que discutimos, o conjunto dos Vereadores, o conjunto das Lideranças e o conjunto da representação da sociedade civil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 (A Ver.ª Maria Celeste assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores, meus caros trabalhadores da saúde, eu não gostaria de usar este Tempo; no entanto várias coisas aqui pronunciadas dizem respeito ao posicionamento da Mesa.

Falou-se que a Casa deve exigir respeito do Executivo. Foi com essa condição que me candidatei a Presidente da Casa. Podem ter a absoluta convicção de que sou intransigente no respeito que esta Casa deva ter de todos. Não importa quem seja, Legislativo ou Executivo, todos têm que respeitar esta Casa. O respeito a esta Casa começa pelo respeito que nós Vereadores devemos ter por ela e não de forma diferente. Foi falado na convocação ou no convite ao Secretário e foi deixado a entender que este Presidente, por cavalheirismo, por gentileza, entendeu que era melhor que se “convidasse”; não se “convocasse” o Secretário. Não; foi apenas a experiência que falou, foi apenas o conhecimento do Regimento, foi apenas a vivência no Executivo e no Legislativo que disseram: “convidem; não convoquem”, porque quem faz a convocação tem de fazer as perguntas por escrito. E o Secretário que aqui vier, no dia em que o Prefeito marcar e não na hora em que o Vereador quiser, terá tempo de responder, lá no seu gabinete, e vir aqui ler a resposta, e não tem mais nada para fazer. Portanto, o convite seria a forma absolutamente inteligente de quem tem vivência para buscar encontrar uma solução, para fazer um contato e uma troca de idéias com o Executivo.

Agora, é preciso saber que os problemas devem ser transformados em soluções. E eu não conheço solução da gritaria. Eu não conheço solução que não venha do debate, da inteligência e do conhecimento. Eu não conheço solução que promova alguns em detrimento de outros. Eu não conheço! Quando, na sexta-feira, aqui, marcamos uma reunião com as lideranças da Saúde - médicos, dentistas, enfermeiros - eu agradecia sensibilizado aos representantes da categoria em greve, pela gentileza, pela educação, pela forma com que colocaram o seu problema. E ouvi dos Vereadores a mesma coisa. Tive de dizer a eles também, foi tratado o problema com gentileza, com educação, com inteligência, por pessoas que queriam solução e não mais problemas. Ninguém tem mais interesse do que qualquer um dos Vereadores desta Casa na solução do problema da saúde. Agora, solução não implica promoção. Se alguém imagina que o Presidente da Casa ficou quieto depois do que aconteceu com o e-mail, está completamente equivocado. Completamente equivocado! No mesmo momento em que eu tomei ciência do e-mail, eu o enviei ao Prefeito solicitando explicações. Realmente, se há alguma coisa infeliz em matéria de administração é este e-mail. Foi este e-mail que transtornou tudo aquilo que havíamos conquistado naquela sexta-feira. O Prefeito me respondeu, dizendo exatamente que o e-mail valia zero. E eu dei ciência desta resposta. Diz aqui o Prefeito, e aqui está a sua assinatura, vou ler apenas o parágrafo final: “Gostaria também de esclarecer que, diferentemente do que foi noticiado, não há orientação para a constituição de mecanismos de compensação de horários, tais como banco de horas ou outro instrumento semelhante.”

Então, aqui estava alguém que queria resolver o problema, queria solução e não mais problemas. Não vamos encontrar solução brigando. Precisamos sentar à mesa com a mesma tranqüilidade que tivemos aqui naquela sexta-feira, e continuar discutindo, porque todos nós reconhecemos que médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem têm dificuldades no atendimento da saúde em Porto Alegre. Todos sabemos que faltam remédios. Todos os anos coloco na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento a proposta do laboratório farmacêutico de Porto Alegre, para formular os remédios com muito menos custo, para que não falte remédio para ninguém. Não consigo, mas vou insistir até que um dia eles terão a inteligência de fazer isso. Mas faço com paciência, porque, se gritar, aí mesmo é que não vou conseguir. E quando eu falo em voz alta é porque tenho dentro de mim as informações necessárias para tanto, mas sempre buscando uma só coisa: solução. De problemas estamos cheios, ninguém quer mais problemas.

Hoje mesmo fiz contato com o Prefeito dando a minha posição para a busca de uma solução. Ele me disse que telefonaria à tarde dizendo-me se pode, ou não, aceitar a proposição que fiz.

Por isso gostaria de deixar claro: na semana que passou os Vereadores propuseram um Requerimento para convocar o Secretário e eu propus que o convidassem. Disse, com todas as linhas, de quem respeita o Regimento: “Não pode ser votado no Plenário, porque a Ordem do Dia está trancada, porque temos onze Vetos.” Hoje, temos dez. Disse que deveria ser feito o convite pela Comissão de Saúde, que poderia trazer os Secretários para o Plenário e todos os Vereadores poderiam argüir os Secretários. Não recebi nenhuma comunicação, e quero dizer que venho à Casa de manhã e de tarde todos os dias. Ninguém me pediu para convidar ou convocar o Secretário; não foi feito. Portanto, justiça deve ser feita: não houve convite. Quem falhou? Não sei, mas houve falha. Posso assegurar que a Presidência da Casa não falhou, porque eu estava ali de manhã e de tarde. Ninguém pediu para convidar, convocar, chamar ou telefonar, nada! Eu queria que o convite fosse feito para sexta-feira passada. Eu não queria para segunda, para quarta, ou para coisa nenhuma; eu queria para sexta-feira passada; não houve o convite. Portanto, quem quer somar, quem quer solucionar senta, debate e traz a verdade, e não a fantasia.

Eu desejo a todos os senhores solução pronta, porque merecem. Ninguém mais do que eu conhece o serviço de Saúde da Cidade. Eu fiquei hospitalizado no Pronto Socorro por três meses e cinco dias, eu fiz obras no Pronto Socorro, eu vivi com a enfermagem do Pronto Socorro, com os médicos do Pronto Socorro, com os médicos da Secretaria de Saúde; eu conheço bem o problema. Eu sei que todos nós - todos nós - queremos solução, e espero que ela venha muito prontamente, porque a Cidade, o povo e os trabalhadores da Saúde merecem essa solução. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, trabalhadores da Saúde, eu acho que foi muito importante esse depoimento do Ver. João Antonio Dib, porque este Vereador acompanhou, como Líder da sua Bancada, a reunião, aqui, com os Vereadores e depois com o Prefeito, e muitos Vereadores utilizaram a tribuna, porque é praxe nesta Casa, toda vez que há uma platéia especial, as pessoas se empolgarem. Muito se falou na questão do “bode”, só que agora o Ver. João Antonio Dib colocou um “bode” aqui dentro para nós mesmos. Uma das situações ficou bem clara - e eu gostaria que, depois, os Vereadores viessem aqui e contestassem, porque muitos falaram que houve convocação e que houve convite -, na realidade, a verdade foi posta: não existiu nem convite nem convocação. Temos que ter esse detalhe bem claro e nós sabemos que a situação é supercrítica, crítica de várias formas: primeiro - algumas coisas estão sendo postuladas, que são a isonomia e a questão do plano de carreira. Sabemos que a questão da isonomia é algo que tem que ser construído e construído de várias formas...

Sr. Presidente, eu gostaria que a minha palavra fosse assegurada.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por favor, Srs. Vereadores, solicito que haja a atenção dos Vereadores, porque há um Vereador na tribuna. É preciso que ele seja ouvido, e a sua palavra merece o nosso respeito.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Ver. Dr. Goulart, por gentileza, V. Ex.ª depois vai ter oportunidade de usar esta tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, mais uma vez, solicito atenção ao orador na tribuna.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: A questão da isonomia, nós sabemos que os trabalhadores exercem a mesma função, mas alguns ganham diferente, porque alguns são funcionários municipais, outros são funcionários estaduais e outros pertencem à União. E para resolver essa questão tem de se sentar com cada um dos segmentos. Agora, Porto Alegre talvez possa dar um exemplo para o Brasil de tentar resolver esse problema, porque senão vamos levar vinte ou trinta anos para resolver essa problemática até que talvez os últimos médicos da União, os últimos médicos do Estado acabem morrendo. Então, para resolver esse problema, temos de ter um diálogo, temos de sentar à mesa desarmados e com boa vontade.

A mesma coisa com a questão do plano de carreira. Como fazer plano de carreira com essas dimensões? Mas, algumas coisas foram colocadas. Em primeiro lugar, entrar em greve é um direito de qualquer trabalhador, e eu, como membro da área da educação, cansei de entrar em greve. Eu sei da responsabilidade de entrar em greve. Sei que é muito fácil entrar em greve, mas sei também que é muito difícil sair de uma greve. Ao mesmo tempo, para isso ser constituído, o canal de diálogo deve ser mantido.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é importante que se respeite a greve como um direito legítimo, sem entrar no mérito. Mas, ao mesmo tempo, também é importante que os trabalhadores da Saúde não percam o referencial e mantenham o diálogo com o Executivo, com as suas posições, convicções com aquilo que defendem. Porque aquilo que defendem deve ser claro: se é o problema salarial, é o problema salarial; se é o problema de horas de trabalho, é o problema de horas de trabalho, tem de ser dito, tem de ser colocado. Agora, não percam o referencial, não percam o diálogo, porque, no momento em que não existir o diálogo, não adianta um para cada lado. Na minha época de infância, havia algo que nós chamávamos o “burrinho da CEPAL”, cada um para um lado, todo mundo querendo o feno. E aqui o que se quer é a qualidade do serviço, mas, por não manter o diálogo, não se consegue.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é importante que se respeite a greve, mas é importante também que continuemos mantendo esse diálogo. Podem ter a certeza de que este Vereador quer continuar fazendo parte, como as demais Lideranças, para que possamos construir, sim, um diálogo permanente, um canal aberto para que as suas iras, de ambas as partes, possam ser colocadas. É importante que, para haver diálogo, o lado de cada um tem de ser colocado. Agora, o que nós não admitimos é que cada vez que há uma plenária maior venha-se aqui fazer proselitismo. É importante, algo tem que ser resgatado: a questão do convite. E podem ter a certeza de que o Secretário da Saúde virá, porque nós vamos exigir; com convite ou não, ele terá que vir e dar, aqui, os seus depoimentos, e cada Vereador irá formular as suas perguntas.

Mas eu quero voltar a dizer o seguinte: mais do que nunca, se não houver diálogo, nós não vamos construir nada. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de deixar claro, para evitar frustrações, que, estando falando no período de Pauta, eu sou, regimentalmente, compelido a falar nos assuntos constantes na Pauta e que, evidentemente, não vou dar seqüência aos pronunciamentos que aqui ocorreram e que justificam a presença de inúmeras pessoas no Plenário da Casa, todas elas interessadas num acontecimento que acabou não ocorrendo, que seria a ouvida o Secretário da Saúde do Município de Porto Alegre, esclarecendo todo esse debate que aqui se instalou.

É evidente, Sr. Presidente, que eu poderia, se quisesse, dizer que iria falar sobre o Projeto de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que estabelece a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal – TANU - ou teste da orelhinha em recém-nascido nos hospitais e maternidades do Município de Porto Alegre. E ao falar sobre isso, dizer ao Ver. Aldacir Oliboni que eu não sei como é que isso ocorreria, quando a categoria, quando os médicos, quando os dentistas do Município de Porto Alegre, quando, enfim, os profissionais da área de Saúde se encontram descontentes, em estado de greve e presentes aqui na Casa para reclamar. (Palmas.)

Mas, eu não posso fazer isso, porque seria fugir das regras da Casa, Ver. Zé Valdir, que dizem que eu tenho que falar sobre sistemas. É difícil, evidentemente, enfrentar uma situação como essa em que tramitam aqui projetos que dizem respeito a um conjunto de coisas que acontecem na cidade de Porto Alegre. E uma das coisas que eu não posso ignorar - porque moro nesta Cidade, exerço meu mandato nesta Cidade - é que existe esse estado de greve por parte dos médicos e dentistas, que nós tínhamos esperança que, hoje, ocorresse aqui um esboço de entendimento, que se frustra pelas razões que já foram colocadas.

Por isso, Sr. Presidente...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por favor, eu peço que haja silêncio no Plenário, para que o orador possa fazer o seu pronunciamento com a tranqüilidade que é necessária.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Por isso, Sr. Presidente, eu assumi a tribuna com o objetivo declarado de falar sobre o Projeto de Lei do Executivo n.º 014/03, que altera o art. 12 da Lei n.º 9.056, de 27 de dezembro, Vereador e meu querido amigo Dr. Goulart, que está engajado nesse processo. Nós estamos, aqui, já querendo mudar uma Lei que foi sancionada no dia 27 de dezembro. No dia 30, o Prefeito já mandou para cá uma alteração dessa Lei, porque a Lei, na sua origem, estava mal escrita.

Então, fico até autorizado a achar que, nas publicações e republicações de Leis e Decretos pelo Município, está havendo alguma coisa de muito estranho, porque as coisas são, um dia, propostas por esta Casa de uma forma, e, três dias depois, já são alteradas e, agora, parece que, no caso concreto, três horas depois, já foram alteradas.

Então, Vereador, meu querido amigo Wilton Araújo, que também é um paladino dessa luta, eu fico atrapalhado no dia de hoje, porque tenho experiência aqui nesta Casa, vejo esse choque de informações e uma frustração generalizada das pessoas que aqui vêm na Casa. Eu acho gozado, às vezes, reclamam que há pessoas demais na casa e as pessoas querem fazer discursos para agradá-las. Bom, mas, quando vêm as pessoas para me vaiar, ninguém reclama; agora, como as pessoas que estão aqui - Ver. Carlos Alberto Garcia, foi V. Ex.ª que reclamou - não estão de acordo com o seu Governo, V. Ex.ª acha que nós estamos fazendo filigranas na frente deles. Não é isso! Apesar de não estar na Pauta, escrito aqui, está na pauta da Cidade esse problema dos médicos e dos dentistas de Porto Alegre. Está na pauta, sim. (Palmas.) Tanto está na pauta que o Presidente da Casa veio à tribuna, em tempo especialíssimo, e se posicionou sobre a situação.

Agora, eu gostaria de dizer o seguinte: este assunto tem de sair da pauta da Cidade. E eu concordo com V. Ex.ª: tem de sair por solução e não por procrastinação da situação, porque o que estamos vivendo agora é uma procrastinação do problema: estão “jogando para as cucuias”, para que se resolva depois. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA (Questão de Ordem): Por gentileza, Sr. Presidente, porque há toda essa discussão do convite e não convite - e V. Ex.ª já explicou a questão que está trancando a Pauta -, eu sugiro que o Ver. Beto Moesch, como Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, portanto, a pessoa que tem legitimidade para isso, faça um requerimento aqui e agora, até porque as pessoas da Saúde estão aqui e nós queremos agilizar. Então, eu gostaria que o Ver. Beto Moesch fizesse, por sua Comissão, um convite para que os Secretários aqui comparecessem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Se for da vontade do Presidente da Comissão de Saúde, ele tem a palavra.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, impõe-se um esclarecimento aqui. Houve uma solicitação do Ver. Wilton Araújo, Líder da Bancada do PPS, para que os Secretários de Saúde e de Administração deste Município, comparecessem, em Sessão Plenária, para esclarecerem dúvidas dos Parlamentares. V. Ex.ª entendeu, com razão, que não cabia, porque não tinha como fazer votação, porque os vetos estavam trancando a Pauta.

Eu só intervim no processo por ser Presidente da Comissão de Saúde, e, de imediato, fiz as tratativas com o Líder do Governo, Ver. Marcelo Danéris, que condicionou a vinda dos Secretários a que nós também solicitássemos a vinda do Secretário de Saúde do Estado. E ficou o impasse: quem ficou de fazer o convite? A Comissão não podia intervir nesse processo, porque nós não poderíamos atropelar a solicitação das Lideranças que estavam pedindo isso. Agora, em nenhum momento foi solicitada uma reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente com os Secretários, e, sim, uma vinda dos Secretários à Sessão Plenária.

Eu só entrei no processo porque entendi, como Presidente da Comissão, de colaborar nas tratativas. Então, ficou nisso.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato a V. Ex.ª, V. Ex.ª está me dizendo que não houve preocupação com o convite, que não foi formulado o convite. Foi o que eu disse na tribuna. Então, sou grato a V. Ex.ª.

Não sei se V. Ex.ª, neste momento, atende à solicitação do Ver. Carlos Alberto Garcia e propõe o convite.

 

O SR. BETO MOESCH: Exatamente, a Comissão está, a qualquer momento, disposta a fazer um convite e não uma convocação - por uma questão de respeito - ao Secretário Municipal de Saúde. Aliás, estivemos com ele agora - eu e o Ver. Dr. Goulart - na Assembléia Legislativa, diga-se de passagem, sem a representação do Governo do Estado e do Governo Federal. Mas, tudo bem, nós fazemos, novamente, o convite, de público, na presença da Liderança da bancada governista, para que se façam presentes, aqui, em Plenário, em horário e dia a ser combinado, os Secretários.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Presidência recebe o Requerimento de V. Ex.ª e diligenciará no sentido de que os convites sejam formulados, entendo eu, ao Secretário de Saúde do Município e ao Secretário da Administração do Município. Tão-somente isso? Vou determinar.

 

O SR. BETO MOESCH: Já que o convite foi um pedido, uma solicitação da Liderança do Governo Municipal, que também se faça o convite à representação do Governo Federal aqui no Estado do Rio Grande do Sul e ao Sr. Secretário de Saúde Estadual.

Nós fizemos também este apelo, hoje, ao Dep. José Farret, Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, porque, claro, é esfera estadual, mas não custa o convite também à esfera federal e estadual, aqui presente nas galerias.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Os convites serão formulados, e como há greve, eu farei o convite aos Secretários amanhã, às 11h. Vou pedir ao meu gabinete que formule os pedidos. Para greve, não precisamos esperar, nós temos de encontrar solução amanhã, às 11h.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, vejo, com satisfação, que os Secretários serão convidados novamente para estarem nesta Casa amanhã pela manhã. Só estranho, Sr. Presidente, a bem da verdade – e que ela se restabeleça –, que o acordo firmado pelas Lideranças de oposição desta Casa com a Liderança governista, que hoje não está presente, foi de que o Secretário não poderia estar presente na sexta-feira pela manhã, pois estava em viagem a serviço da sua Pasta, em São Paulo. Poderia, sim, entre terça e quarta-feira, estar presente. Fez parte ainda desse acordo que, em vez de convocação, seria um convite; que em vez de convite, também fazendo parte desse acordo, seria um comparecimento. Todas as Lideranças concordaram. O Ver. Marcelo Danéris, Líder da situação ...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, não sei a que caminho leva o pronunciamento de V. Ex.ª.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Já vou colocar, Sr. Presidente. Dizia eu: o Ver. Marcelo Danéris esteve toda a tarde ao telefone, quando confirmou as presenças dos Srs. Secretários da Administração e da Saúde. Contando com essa palavra empenhada, com esse convite feito, com a aliança de todas as Lideranças da Casa, num assunto sério como esse, hoje estávamos certos da presença deles.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, sou grato à colocação de V. Ex.ª. Volto a dizer que não houve solicitação de Liderança nenhuma para que a Presidência convidasse o Secretário. Neste momento, a Presidência está mandando fazer os ofícios convidando os Secretários pela primeira vez. Amanhã, às 11h, eles estarão aqui.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Eles vão estar aqui, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eles estarão aqui. Vão estar aqui.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Muito me alegra que eles vão estar aqui, dado que é uma convocação da Mesa, então.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não é convocação. A Mesa vai convidar. Eu já disse que a Mesa é inteligente, perdoe a falta de modéstia. Não vou convocar, porque aí teremos que dar o prazo que eles quiserem, a hora que eles quiserem, e as perguntas terão que ser formuladas por escrito. Então, eles serão convidados para amanhã às 11h.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: V. Ex.ª, então, garante que eles estarão aqui, amanhã, às 11h?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Às 11h.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: V. Ex.ª garante?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Serão convidados para amanhã, às 11h. O Presidente estará aqui para recebê-los.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sou grato.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereadora, se for esse o assunto, não há mais o que discutir. Temos que continuar a Sessão.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, gostaria, enquanto Vice-Liderança da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que V. Ex.ª informasse, novamente, todas as Bancadas, sobre quem são os Líderes da Bancada do PT aqui na Câmara de Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereadora, nós sabemos das Lideranças, e a Vice-Liderança está presente na pessoa de V. Ex.ª. A Vice-Liderança está presente e o outro Vice-Líder...

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Então, por favor, gostaria que V. Ex.ª, como Presidente, comunicasse à Casa, porque o Ver. Wilton Araújo não reconhece. Isso é uma falta de consideração.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, uma Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Espero que seja Questão de Ordem, Vereador.

 

O SR. DR. GOULART (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sobre a minha manifestação a respeito da ausência do Secretário, não vale o que disse, uma vez que V. Ex.ª esclareceu. Não vale o que eu disse sobre a ausência do Secretário. O resto todo vale. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, nobre Ver. Dr. Goulart. Ver. Sebastião Melo, nós temos de dar continuidade ao debate, mas ouço V. Ex.ª com a atenção que merece.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu não vou criar problemas. Eu só não posso deixar “passar batido”, porque estou na Casa há dois anos e presenciei, em várias oportunidades, em combinações de vários Vereadores, conjuntamente ou individualmente, a vinda de Secretários do Município sem nenhum ofício. Isso é praxe nesta Casa. Por favor, não vamos usar o ofício, para não virem. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, pelo amor de Deus, não acontece nada na Casa sem que passe pela Presidência. Faltou diligência aos Vereadores, que deveriam comunicar ao Presidente que convidasse o Secretário. Está encerrado o assunto!

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em geral eu faço todas as saudações possíveis em todos os meus pronunciamentos, e vou começar saudando os Srs. Vereadores, mas eu acho que o Sr. Presidente, também, não pode agir dessa forma...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Cláudio Sebenelo, V. Ex.ª está na tribuna para discutir a Pauta. Peço a V. Ex.ª que responda pelo Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu vou só me referir à Pauta. A Pauta de hoje traz um assunto fantástico da história de Porto Alegre: a possibilidade de acabar com os alagamentos, isso com o pedido de autorização para fazer um empréstimo de 65 milhões de reais com a Caixa Econômica Federal para vinte e poucos pontos de Porto Alegre que, cronicamente, sofrem alagamentos, problemas de saneamento e os infaustos acontecimentos, quando cinco pessoas morreram afogadas, dentro da cidade de Porto Alegre, durante os alagamentos. O Prefeito pede licença para que este Legislativo aprove o empréstimo desses 65 milhões de reais. Nós vamos aprovar com toda a convicção, porque, em dezesseis anos de mandato, esta é a primeira vez que se age dessa forma. E não dá para culpar os governos anteriores, porque o Governo é o mesmo pela quarta vez. Mas agora é possível, como calcanhar-de-aquiles desta Administração, os problemas de alagamento da Cidade serem tratados, como no Bairro Três Figueiras, Chácara das Pedras, no Bairro São Geraldo, na Av. Goethe, na Av. Padre Cacique, na Restinga, locais onde toda a vez que chove temos os crônicos problemas, noticiários publicando fotos de automóveis, pessoas se sentindo atingidas pelos alagamentos. Por isso, estamos dessa forma, pela primeira vez, nesses últimos quinze anos, tratando com seriedade desse assunto. Vai haver uma solução, vamos cobrar do Executivo a execução das obras, a execução e a tomada de providências burocráticas no sentido de que sejam definitivamente resolvidos os problemas crônicos, graves, diretamente ligados ao saneamento e à qualidade de vida das pessoas da cidade de Porto Alegre.

Nesses 65 milhões, estão incluídos vinte pontos de Porto Alegre onde há alagamentos crônicos. Fiz uma lei obrigando o Executivo a desviar o trânsito daquelas áreas com sinalização. Em nenhum desses pontos foi colocada a placa - a Lei existe. Agora vai se agir na raiz. Em último dia de Pauta, hoje, nós temos essa felicidade, vinda do Governo Federal anterior, da liberação de 65 milhões, através de contrato, para essas obras. Vamos trabalhar junto às comunidades para fiscalizar essas obras e, principalmente, para termos, dentro de pouco tempo, a solução de problemas que angustiam a população de Porto Alegre, e, mais do que isso, desesperam as pessoas, porque milhares de promessas foram feitas durante o período eleitoral e não foram cumpridas, agora se viabilizando essa possibilidade de ser cumprido um cronograma que não precisa passar pelo Orçamento Participativo, ou por qualquer outra circunstancia burocrática, porque é uma medida de emergência.

São dezesseis anos, sabemos esperar também, eles esperaram para obter esse recurso. Agora, por iniciativa do Governo Federal anterior, eles vão fazer esse contrato e então - Pasme o céu! -, mais uma promessa, que talvez, desta vez com recurso, seja cumprida alguma coisa, que já foi programa de Governo, que já foi promessa eleitoral e que os porto-alegrenses sempre tiveram a desdita de esperar, esperar e esperar. Chega de esperar! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): O Regimento da Casa prevê alguns tipos de vindas à Casa dos Srs. Secretários, autoridades municipais, estaduais e federais. Segundo recordo, um deles é a convocação, onde a Casa convoca, envia pauta a tempo determinado, para que responda perguntas feitas sobre aquele assunto; segundo, faz-se o convite, acorda-se o momento e hora para virem à Casa; a terceira figura é o comparecimento no sentido de que os Secretários venham à Casa por vontade deles, por intermédio de um acordo ou não, mas venham à Casa, e as Lideranças têm dois minutos para fazerem as suas colocações.

Questiono V. Ex.ª se, no comparecimento, há necessidade de se fazer convite expresso, dado que é da vontade da autoridade vir à Casa?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu vou ser atento a V. Ex.ª, vou ser respeitoso a V. Ex.ª, que formulou uma Questão de Ordem. Vou ler o que consta no art. 139 do Regimento: “O Secretário Municipal, Diretor de autarquia ou de órgão não subordinado à Secretaria poderá comparecer espontaneamente à Câmara ou à Comissão para prestar esclarecimentos, após entendimentos com o Presidente, que marcará dia e hora para recebê-lo, aplicando-se, no que couber, as normas dos artigos 137 e 138.” Não houve convite por parte da Mesa como foi dito aqui. O que se pretendia, inicialmente, não era o Comparecimento, portanto, não precisava formular requerimento. O que se pretende é uma solução. E, se nós ficarmos discutindo o Regimento, eu estou certo de que nós não vamos solucionar. Não houve convite de parte da Mesa, foi tudo quanto eu disse.

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Da leitura atenta do Regimento, chega-se à conclusão, portanto, senão me corrija, que o comparecimento é por vontade, e, neste caso dos trabalhadores da Saúde, foi por força de um acordo. Não precisava, portanto, de convite nenhum. Restabeleça-se a verdade no caso. Ele não veio. É um fujão!

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu não devo debater com V. Ex.ª, não vou fazê-lo. Mas parece que nós não estamos mesmo querendo solução, nós queremos fazer projeção pessoal para cada um. Há alguns que ainda querem solução.

O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente, João Dib, demais Vereadores, Vereadoras desta Casa, trabalhadores da Saúde. Acho que a fala de V. Ex.ª foi extremamente esclarecedora. Primeiro, não há nenhuma convocação e nenhum convite, como o próprio expediente que nós recebemos, todos os Vereadores desta Casa podem constatar, que foi remetido para o conjunto de Vereadores. Ou seja, não havendo convite, evidentemente, não há como as pessoas comparecerem. Quem faz o convite, embora o comparecimento seja opcional ou não do Secretário, fundamentalmente, é a Casa. Então, este convite não houve. Segundo lugar, estranho muito que os mesmos Vereadores que questionam a ausência do Secretário Municipal Joaquim Kliemann não questionem a ausência do Secretário Estadual, que também deveria estar aqui presente como convidado. Essa ausência não é questionada. Isso é muito estranho, e é estranho por um motivo muito simples, porque a nossa proposta, e foi uma insistência da Bancada do Partido dos Trabalhadores quando formulou essa proposta, era que estivessem aqui os representantes do Estado e do Governo Federal para podermos trabalhar numa solução conjunta, porque não interessa essa solução conjunta, porque, no Estado, são Governo, e, no Município, são oposição. E essa articulação Estado, Município e Governo Federal não interessa à bancada de oposição do Governo.

 

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Peço aos manifestantes que deixem o orador se manifestar na tribuna. Depois podem aplaudir ou até vaiar, porque não há problema nenhum. Mas, por enquanto, deixem que ele fale, com a necessária tranqüilidade.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Quero reiterar o compromisso que temos nos termos que haviam sido conversados. O Ver. Marcelo Danéris, e aí quero fazer justiça, que não se encontra hoje, aqui, porque está em Brasília, na Comissão Especial de Combate à Fome, tinha conversado com os Vereadores, tinha contatado com o Secretário, mas estava no aguardo de um convite, que não aconteceu. Mas reiteramos o nosso compromisso de que, em primeiro lugar, estarão aqui, que era o nosso compromisso com a Bancada de oposição, o Secretário Municipal da Saúde, o Secretário da Administração do Município, o Secretário Estadual da Saúde, o Secretário de Administração Estadual, bem como representantes do Governo Federal. Então, esse compromisso nós mantemos, porque é um esforço que estamos construindo com o conjunto desta Casa, com os Vereadores. Não é verdade que se encerraram as negociações. Hoje está sendo encaminhada uma negociação com os trabalhadores da Saúde. A afirmação de que o compromisso que o Prefeito tinha feito, de encaminhar, via questão SUS, e uma negociação com os trabalhadores, está sendo mantido, não é verdade, como também não é verdade que não se presta contas de três em três meses, como afirmou o Ver. Cláudio Sebenelo - presta-se contas, nesta Casa, de três em três meses pela Secretaria da Saúde -, esses fatos aqui relatados, que não são verdadeiros, que não ajudam na construção do problema, ajudam a criar uma falsa polarização daqueles, não digo todos, mas de alguns, que estão mais preocupados em demarcar com o Governo do que, efetivamente, encontrar uma solução para o conjunto dos trabalhadores na Saúde. Então, as afirmações feitas de que os convites foram feitos não são verdadeiras, como já havia dito na minha Questão de Ordem.

Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero encaminhar para o Presidente desta Casa nos mesmos termos que haviam sido conversados, mas que não foram encaminhados, o comparecimento, amanhã, nesta Sessão, neste mesmo horário, às 14h, que estejam presentes Secretário Municipal, Secretário da Administração do Município, Secretário Estadual da Saúde, Secretário da Administração do Estado, bem como o Governo Federal, para que possamos construir, de forma definitiva, que contemple o conjunto dos interesses, uma solução que dê um tratamento isonômico. Esse é o compromisso da minha Bancada, do meu Partido e do meu Governo.

 

(Manifestações nas galerias.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, funcionários do serviço de saúde aqui do Município de Porto Alegre. Não só a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, mas esta Casa, entrou no processo por intermédio de todas as suas Lideranças e também da Presidência, do Ver. João Antonio Dib, pela gravidade dos fatos que se apresentam.

Nós entendemos que não podíamos mais, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa junto com o Secretário Municipal de Saúde, tentar resolver um assunto de tamanha gravidade que se apresenta na cidade de Porto Alegre. Por isso, os Poderes, através... Num primeiro momento, o Poder Legislativo solicitou a audiência ao Sr. Prefeito, que, de imediato, nos recebeu e fizemos, então, a meu ver, numa reunião histórica e memorável, um acordo de suspensão do que estava prescrito no Decreto, para que, em cento e vinte dias, se estabelecesse uma mesa de negociações e pudéssemos, então, de forma madura, com calma, avançarmos numa melhoria do serviço de saúde pública no Município de Porto Alegre, que não passa, como muitas vezes se apresenta, apenas com relação à carga horária e à isonomia dos funcionários em nível federal, estadual e municipal, mas há toda uma estruturação necessária do serviço de saúde no Município de Porto Alegre. Foi solicitada aqui a presença, sim, dos Secretários Municipais de Administração e de Saúde, aqui no Plenário, hoje. Isso não foi votado, como foi explicado, porque os vetos estão trancando as votações, mas por meio do acordo ficou, sim, muito claro que a Liderança do Governo iria buscar e garantir a presença dos Secretários aqui, hoje, com a condição, e nós também concordamos, de que também estariam presentes aqui o Governo Federal e Estadual.

Quando fomos, hoje, na Assembléia Legislativa, numa reunião que durou quase quatro horas, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente daquele Parlamento, para a nossa satisfação, sim, estava lá o Secretário Joaquim Kliemann, mas não estavam os gestores de Saúde do Estado e nem da União, e não houve, então, por parte da Liderança do Governo do Município de Porto Alegre, uma condição para que o Secretário estivesse lá se também estivessem os gestores estadual e federal, mesmo concordando que os gestores estadual e federal deveriam também estar aqui conosco. Por que essa condição não partiu do Governo Municipal também para a participação do Governo Municipal lá na Assembléia Legislativa? Por que esse tratamento diferenciado para um Parlamento em detrimento de outro?

Essa é a primeira questão que se coloca aqui, embora isso, agora, para amanhã, às 11h, já esteja resolvido, porque os ofícios estão sendo devidamente encaminhados, mas nós não podemos responder pelas presenças. Os omissos que respondam pela suas ausências. E mais, se era público – e era público - que hoje iriam estar aqui os Secretários - e está-se dizendo que não, porque não teve ofício -, como é que os servidores estão presentes aqui hoje? Como é que eles sabem que eles estariam aqui hoje? (Palmas.)

E se o Secretário podia estar lá na Assembléia – e isso foi muito bom, foi uma reunião extraordinária que fizemos hoje lá -, por que não podia estar aqui também hoje?

Sr. Presidente, V. Ex.ª tem insistido que devemos buscar uma solução, e a Comissão de Saúde e Meio Ambiente tem procurado fazer justamente isso, tem procurado evitar a polêmica, tem procurado o Executivo para que estabeleça uma mesa de negociações com os servidores. Vejam, não só com os médicos, mas com todos os servidores de Saúde do Município de Porto Alegre. Aliás, todos os servidores, num primeiro momento, chegaram a estabelecer uma greve e todos estão reivindicando uma melhoria do serviço de Saúde.

Ao concluir, então, Sr. Presidente, apenas queremos dizer, nos 231 anos de Porto Alegre: se existe, sim, alguma evolução nos serviços de Saúde, como coloca o Secretário Municipal de Saúde, isso se deve, principalmente, a uma evolução da sociedade porto-alegrense e dos servidores de Saúde do Município de Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Presidência informa que assinou neste momento dois Ofícios; um dirigido ao Sr. Prefeito com o seguinte teor: (Lê.) “ Sr. Prefeito: Dirigimo-nos a V. Ex.ª para solicitar sua determinação no sentido de convidar o Sr. Joaquim Kliemann, Secretário Municipal de Saúde, e Sr. Eliezer Pacheco, Secretário Municipal de Administração, a participarem de reunião a ser realizada no dia 27 de março de 2003, às 11 horas, no Plenário Otávio Rocha, neste Legislativo, oportunidade em que será debatida a paralisação dos serviços médicos no Município de Porto Alegre. Certos do seu atendimento, renovamos-lhe nossa consideração.” E o outro Ofício: (Lê.) “Sr. Governador: Dirigimo-nos a V. Ex.ª para solicitar sua determinação no sentido de convidar o Sr. Osmar Terra, Secretário de Estado da Saúde, a participar da reunião a ser realizada no dia 27 de março de 2003, às 11 horas, no Plenário Otávio Rocha, neste Legislativo, oportunidade em que será debatida a paralisação dos serviços médicos no Município de Porto Alegre. Certos do seu atendimento, renovamos-lhe nossa consideração.” Digo mais, a Presidência está mandando entregar em mãos estes dois documentos ao mesmo tempo em que está enviando fax para o Governador, para o Sr. Prefeito e para os três Secretários aqui indicados. (Palmas.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, o que foi acordado aqui é que seria convidada também a representação do Governo Federal, portanto o Ministério da Saúde. Eu não vi V. Ex.ª dizer isso aqui. Foi o acordo feito aqui de que viria a representação também do Ministério da Saúde.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu não tinha conhecimento disso, mas, se V. Ex.ª me der o nome da pessoa a quem devo me dirigir, eu farei isso.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Acho que a Presidência pode... Foi essa a combinação feita aqui.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não estou duvidando, estou aceitando, só estou pedindo que V. Ex.ª me indique...

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: A Presidência tem melhores condições de diligenciar sobre o tema, de quem é o representante...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu achei que quem propunha sabia o que propunha.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Não, mas quem propôs não fui eu, Presidente, eu apenas estou querendo fazer cumprir o acordo, mas o Líder do Governo está aqui e, com certeza, ele sabe quem é o representante do Governo Lula para o caso da Saúde do Rio Grande do Sul!

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu quero solução, não quero discussão. Se alguém puder me indicar, por favor... Nós precisamos acelerar, não podemos discutir mais! (Pausa.)

Bem, dando continuidade à Sessão, o Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, agora que a platéia já se esvazia, eu posso serenamente me manifestar sobre esse problema que a cidade de Porto Alegre está vivendo, desde quando se criou esse clima de estado de greve da parte dos operadores de Saúde no Município de Porto Alegre. Eu vejo agora que não vai ser por falta de ofício que o assunto vai deixar de ser encaminhado, porque são anunciados vários ofícios e se pleiteia inclusive que se oficie ao Ministro da Saúde – e eu até diria, com todo o respeito, Vereador, que daqui a pouco vai se querer que a Organização Mundial da Saúde também esteja presente neste assunto.

Com sinceridade, agora que estamos discutindo entre nós, aqui na Casa, eu acho que este assunto está sendo tratado de uma forma, no meu entendimento, até irresponsável. Afinal de contas, Ver. Pedro Américo Leal, há cerca de quinze dias, numa reunião nossa, da oposição, combinamos que iríamos, pessoalmente, ao Prefeito - nós, da oposição -, manifestar a nossa preocupação e discutir com ele alguma alternativa de solução. Quando se anunciou isso aqui na Casa, surgiu um movimento para que fosse oficializado pela Casa, e o Vereador-Presidente acabou realizando aquela reunião, na sexta-feira, que gerou a audiência com o Sr. Prefeito Municipal, onde ficou estabelecida a suspensão do Decreto que havia revogado ou ignorado o anterior e, com isso, se criou um período de cento e vinte dias, que, na expressão usual, ensejaria o estabelecimento de uma mesa de negociação.

Quero lembrar às Lideranças – Ver. Sebastião Melo, V. Ex.ª, necessariamente – que naquela ocasião o Presidente da Casa dizia que não era possível todos os Vereadores presentes irem até o Sr. Prefeito Municipal. Era impossível; seria uma audiência que, provavelmente, seria improdutiva, dado o número de pessoas que estavam envolvidas no assunto. Pedi ao Ver. Sebastião Melo e ao Ver. Wilton de Araújo que fossem porta-vozes da minha posição, absolutamente concertada com a posição dos dois ilustres Líderes, que já estavam comprometidos com o assunto desde o primeiro momento. Ora, Sr. Presidente, a informação que nos trouxeram, a informação que a imprensa noticiou, é de que havia sido feita essa composição, que foi imediatamente desfeita. Então, não sei se essa série de ofícios, de negociações, podem levar a algum lugar, quando não se dá mais crédito à palavra das pessoas que estão envolvidas no negócio. Se o Prefeito firmou compromisso com as Lideranças da Casa - e eu não estou e não posso estar autorizado a descrer das informações que as Lideranças me trouxeram, que foi combinada a suspensão por cento e vinte dias dos efeitos do malfadado Decreto - e se, menos de vinte e quatro horas depois, o Decreto é mantido e até aprofundado, há uma impossibilidade de se chegar a um entendimento, porque uma das partes não quer se entender. Como é que vai haver o entendimento, se há compromissos formados e compromissos desfeitos?

Não posso ignorar que houve uma combinação das Lideranças com o Líder do Governo de que no dia de hoje estaria aqui o titular da pasta da Saúde e o titular da pasta da Administração. Ambos estariam aqui presentes. Foi concertada a data. Não poderia ser sexta nem segunda, mas poderia ser terça ou quarta. Agora o Ver. João Antonio Dib, Presidente da Casa, atendendo aos clamores gerais, subscreve três ofícios, convidando o Secretário de Estado da Saúde, o Secretário da Saúde do Município e o Secretário da Administração para que, sexta-feira, às 11h, nós retomemos o assunto. Por onde será retomado o assunto? Pelo não-cumprimento do que foi acordado com os Vereadores? Porque se não for desta forma... E agora dá para se discutir a matéria, não tem mais público aqui para se manifestar num sentido ou noutro. Nós, aqui, temos de decidir entre nós. E o que é que nós vamos fazer nesta reunião se não perguntar, inicialmente, o seguinte: vale o que foi combinado ou não vale nada? Se não vale, não adianta conversar, porque, para que conversar, Ver. Elói Guimarães, para que dialogar se uma das partes não quer cumprir o que acordou dentro do diálogo? Acho que a condição “inafastável” para que o assunto seja retomado é que haja o cumprimento daquilo que foi acordado com as Lideranças da Casa. Se isso não ocorrer, já está antecipadamente rompido o diálogo.

O Ver. Dr. Goulart ontem estava comigo, por exemplo, lá no 4.º Distrito para ver uma área onde vai ser o sambódromo; o sambódromo onde o Prefeito afirma que vai ser feito o carnaval do ano que vem e onde eu temo que não seja feito, apesar da presença do técnico uruguaio contratado pela Beck de Souza Engenharia Ltda., o Arquiteto Raul Macadar, um brilhante arquiteto uruguaio, que vai projetar a nossa pista de eventos, num contrato de 270 mil reais. Nós agora estamos vivendo o seguinte: o Prefeito se entusiasma em determinados momentos e afirma as coisas. Diz: “ora, vou suspender o Decreto”; depois volta atrás: “Vou fazer o carnaval lá na Zona Norte de Porto Alegre, lá na pista de eventos.” Eu fico com medo que daqui a alguns dias ele volte atrás.

Concluo, com o temor de que nós estejamos diante de um impasse gravíssimo na cidade de Porto Alegre: é que nós não podemos mais acreditar naquilo que o Prefeito afirma ao calor do entusiasmo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos as presenças do Ver. Antonio César Padilha, do PDT, Presidente da Câmara Municipal de Tupanciretã; do Ver. Luiz Valmor da Silva França, do PMDB, e o do Ver. Clóvis Machado, do PDT, todos da cidade de Tupanciretã. Sintam-se como se na Casa Legislativa de V. Ex.ªs estivessem.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vou tratar neste tempo de Liderança do Partido Comunista do Brasil, de duas questões importantes. A primeira que vem sendo debatida na Casa, na tarde de hoje, é acerca da paralisação dos médicos e dos dentistas em Porto Alegre. Desde o início da paralisação, aqui na Casa manifestamos a nossa preocupação, considerando legítimo o movimento, mas com a preocupação de uma solução rápida, urgente para que a nossa população não fosse penalizada. E aqui da tribuna mostramos quão complexo é esse problema na medida em que decorre inclusive da municipalização, onde funcionários federais, estaduais e municipais da área médica foram unificados, e temos uma grande defasagem salarial, porque em Porto Alegre, felizmente, há uma política salarial. Não é ainda a ideal, mas os médicos e dentistas ganham muito mais do que os que vieram do Governo Federal e Estadual, criando distorções salariais muito sérias.

Mas propusemos aqui - iniciada a greve - que esta Casa intermediasse uma negociação com a Prefeitura, com os grevistas. Estivemos na reunião, na sala da Presidência, e nessa reunião endossamos a posição da CUT no sentido de que houvesse uma suspensão do prazo da aplicabilidade da exigência dos 30% das horas trabalhadas e que mudava uma antiga Portaria onde eram exigidas somente 2/3, ou que se havia alguns que não cumpriam sequer os 2/3 isso não seria o motivo de uma portaria como aquela que tinha de ser negociada, mas então que se castigasse, se usassem os mecanismos necessários.

Na negociação com o Sr. Prefeito, defendemos a mesma coisa, que para a aplicabilidade da exigência de 1/3 das horas que tradicionalmente não eram exigidas fosse dado um prazo para a negociação. Mais do que isso, defendemos que fosse constituída uma comissão de negociação entre as categorias em greve e a Prefeitura. Mais do que isso, insistimos na existência de uma comissão mais ampla, permanente, de negociação, que envolvesse os Governos Federal, Estadual e Municipal e também as entidades em greve para discutir desde o Plano de Carreira até o fim das distorções salariais.

Portanto, entendemos que temos, digamos, trabalho nessa questão para dizer que é preciso manter o diálogo e dar seguimento.

Temos notícias de que está havendo uma negociação entre a Prefeitura e os trabalhadores da Saúde - parece-me que os médicos e os dentistas não estão nessas negociações por decisão própria - e que está sendo constituída uma mesa permanente de negociações.

Portanto, queremos insistir nesse caminho, porque, senão, será penalizada a população sem se buscar uma solução. E, quem sabe, vai-se buscar é palanque e não solução como tão bem tem dito nosso Presidente aqui.

Para concluir essa questão - e não poderei tratar da segunda questão, que é os dois despejos que estão ameaçando as famílias que ocuparam a área do Montepio e as famílias que ocuparam a área da Caixa Econômica - quero dizer que, em relação à vinda do Sr. Secretário no dia de hoje, esta vinda não foi discutida no Plenário desta Casa. Esta Liderança, inclusive, em nenhum momento foi procurada para essa questão; foi o entendimento entre determinados Vereadores da oposição e a Bancada do Partido dos Trabalhadores. Portanto, não foi encaminhada na Casa.

Segundo, ficou claro, pelo aqui discutido, que não houve nenhum convite formal da Casa ao Sr. Secretário. Então, não podemos cobrar do Sr. Secretário.

Houve um condicionamento relatado aqui e não questionado que a vinda do Secretário Municipal da Saúde deveria se dar junto com a vinda da representação do Ministério da Saúde. Condição essa que também não foi cumprida.

Então, eu creio que os Vereadores de oposição, no seu desejo claro de questionar o Município, foram um tanto afoitos nas suas manifestações aqui e bastante injustos. Creio que o Ver. Dr. Goulart foi um dos que aqui disse que no que tocava à não-vinda do Sr. Secretário, que ele retirava as suas palavras. Mas eu não vi, Ver. Dr. Goulart, a mesma postura correta dos demais Vereadores desta Casa.

Então, em nome da Bancada do PC do B, quero dizer que não houve - os fatos indicam - uma falha do Sr. Secretário, porque há duas condicionantes: a convocação e a vinda das outras partes não ocorreram; e nós estamos aqui para insistir no caminho de uma solução negociada. Aqui estaremos amanhã, às 11h, para junto com as demais Lideranças e a Mesa buscar essa solução. Não vamos transformar isso em cavalo de batalha política, mas vamos fazer um trabalho para solucionar. Esse é o compromisso da Bancada do PC do B. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registro a presença do Ver. Bruno Maurer, conterrâneo do nosso colega Ver. Cassiá Carpes, Vereador da histórica São Borja. Os Vereadores estão aqui fazendo um encontro da ASCAM, que trata de tema relevantíssimo, que é matéria ligada à licitação. Sintam-se em casa.

A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, dois projetos que estão tramitando nesta Casa me chamaram bastante a atenção. Um dos Projetos trata da questão que diz respeito à montagem e à seqüência aqui aprovada sobre a nova Secretaria de Direitos Humanos e, também, da questão da segurança. Acho de fundamental importância que articulemos e o mais depressa possível possamos aprová-lo. É uma Secretaria importantíssima, até porque nós tivemos, durante quatro anos, no Estado do Rio Grande do Sul e aqui em Porto Alegre, todos os dias, na primeira página, a questão da violência e a questão da insegurança de que o nosso Estado estava sendo acometido.

De repente, deixou, de janeiro para cá, de ser notícia. O jornal Zero Hora, por exemplo, não tem mais noticiado, a não ser, normalmente, nas suas páginas policiais.

E nós soubemos, por estatísticas, que os números da violência cresceram. Infelizmente, por termos um problema tão sério, não devemos fazer palco eleitoreiro em cima disso e do desgaste de um Governo. Eu vejo isso com muita seriedade e nós temos uma estatística que nos diz que dobrou a violência no Estado em termos de assaltos. Eu gostaria de apresentar, futuramente, esse relatório para esta Casa como uma discussão que deveremos ter com profundidade.

A outra questão é sobre o Projeto do Executivo que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar financiamento com a Caixa Econômica Federal. Quero louvar, aqui, a retomada do investimento no saneamento. No Governo Fernando Henrique Cardoso, há oito anos, o BNDES, por um decreto do Governo Federal, não mais fazia investimentos na área de saneamento e na questão da política habitacional do nosso País. Por que digo isso, senhoras e senhores? Porque nós estamos tratando, aqui, exatamente da questão do investimento de vários milhões de reais para o saneamento básico. E estamos tratando da questão da saúde, que é algo que temos que discutir com muita seriedade, e que não é apenas aumento de salário, que também é importante, faz parte da pauta e das lutas democráticas deste País. Nós precisamos discutir o que é uma medicina curativa e uma medicina preventiva, para desmascararmos a demagogia daqueles que só defendem as multinacionais farmacêuticas e daqueles que querem “mamar na tetas” do Governo e depois irem atender nos seus consultórios particulares, que é lá que eles ganham muito dinheiro.

Fiquei muito triste, Ver. Elói Guimarães, quando, agora, ao sair aqui desta Casa encontrei duas médicas que diziam assim: “Ainda nós temos que aturar, para atender a essa população pobre!” Não acredito que todos pensem assim. E eu fiquei pensando: a maioria se formou na UFRGS, com o nosso dinheiro, nós é que sustentamos essa categoria, para atender a população, principalmente a empobrecida. E a oposição, irresponsável, vem aqui fazer palco de demagogia. Assim como há vários e bravos profissionais da área da Saúde, nós tivemos aqui um palanque orquestrado pela oposição nesta Casa.

 

 O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu pediria que a Vereadora se ativesse à matéria de Pauta.

 

 A SRA. MARISTELA MAFFEI: Então, Vereador, é matéria de Pauta, sim, quando nós discutimos a questão da medicina curativa e preventiva, quando nós fazemos investimento no saneamento básico, nós estamos, com certeza, senhoras e senhores, prevenindo as doenças, capacitando a nossa “Cidade de Qualidade de Vida”. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente Elói Guimarães, presidindo os trabalhos neste momento, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu quero dar um abraço no meu amigo Bruno Maurer, Vereador de São Borja, pelo PMDB, que está aqui nos visitando. Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª tem uma ligação muito grande com aquela região.

Mas hoje é dia de festa, e nós sentimos esta Casa nervosa. Hoje Porto Alegre está fazendo 231 anos. Aqui nesta Cidade cheguei no dia 20 de maio de 1977 e hoje nos sentimos em casa, filho desta terra que nos projetou profissionalmente e que nos deu a capacidade, embora morando também em várias cidades do País, de fazer uma comparação, a de que Porto Alegre é, sem dúvida, uma cidade privilegiada. E nós nos sentimos aqui qualificados, nos sentimos honrados porque o interior está presente fortemente e faz desta Capital o nosso palanque de resistência, a nossa Capital como um meio social, cultural, trabalhista. Portanto, parabéns a esta excepcional Cidade!

Mas não podemos nos esquecer de que esta Cidade também tem alguns problemas. E a Saúde - Ver.ª Maristela Maffei, V. Ex.ª meio que ultrapassou os limites quanto a essa categoria importante, para quem nós pedimos o entendimento; e o PT tinha, anteriormente uma visão da negociação, quando não era Governo Federal. Agora, acuado, Ver. Luiz Braz, pela falta de capacidade de reverter isso que está nos postos de saúde, que é a falta de remédios, a falta de médicos, sente-se acuado, começa a atacar e não quer a negociação.

Portanto, nós pedimos - e o Ver. João Antonio Dib, Presidente da Casa, tem todo o nosso apoio - a negociação! Nós queremos essa facilidade que o PT tinha antes. E hoje nem o seu Líder Marcelo Danéris apareceu aqui. Nem apareceu! Ah! Se fosse, Ver. Ervino Besson, alguma coisa contrária a um Governo Federal de outro partido, a um Governo Estadual de um outro Partido, esta Casa estaria cheia e todas as suas lideranças aqui estariam projetando o apocalipse. O PT está fugindo das negociações! O seu Líder não apareceu. Ou foi coincidência?

Nós queremos a abertura das negociações. E amanhã de manhã esta Casa fará, com os seus Líderes e com todos os Vereadores, independente de partido... Porque, naquela oportunidade, quando tivemos aqui um consenso para fazer a PREVIMPA, todos nós negociamos. Agora, temos que, todos nós, negociar para buscar um objetivo, que é solucionar o problema da Saúde, com a valorização do profissional, com remédios nas prateleiras dos postos de saúde, a comunidade aceitando muito bem esse trabalho, que é o que demonstram as pesquisas, ou seja, que o trabalho que é prestado à população que mais tem sofrido, onde mais têm-se apresentado negligências, imperfeições e incompreensões com a população de Porto Alegre, seja revisto. As pesquisas apontam a saúde como um problema sério, além da segurança e da habitação. Então, nesta Capital o PT não fez tudo, não; tem muito a fazer ainda. Portanto, a saúde em primeiro lugar. E a população dos bairros quer o comportamento do Executivo como era antes em relação aos outros governos, agora quer a negociação. Esta Câmara vai fazer todo o possível, com negociação, conjuntamente com o Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib, para que tenhamos um entendimento, a valorização do profissional e, principalmente, o que a população quer, que é um ótimo atendimento na Saúde de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito a liberação dos terminais para que os Vereadores registrem suas presenças para que possamos entrar na Ordem do Dia. (Após a verificação de quórum.) Não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h21min.)

 

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